O belo está sobre nossas cabeças como um teto: não há nada acima, a não ser Deus, e não há nada abaixo, a não ser quem o admira. O homem busca o belo em todas as suas nuances e vertentes — é este o objetivo de toda a sua alma. Para os antigos gregos, haviam quatro transcendentes procuradas unanimemente por cada ser pensante: bondade, unidade, verdade e beleza. Apesar de diferentes, os quatro pilares estão intimamente ligados.
Não há um que sobreviva sem o outro. Para Aristóteles, a beleza era o objetivo final de toda a produção artística — música, literatura, arquitetura, teatro e todo o resto —, sendo o único meio capaz de proporcionar a catarse, isto é, o orgasmo contemplativo que o homem desfruta ao deparar-se com a verdadeira e cristalina beleza. Apesar de diferentes invólucros culturais e gramaticais, a filosofia aristotélica esteve presente em todas as culturas até pouquíssimo tempo.
Cada sociedade buscava na arte seu refúgio, cujo o destino final era a beleza; não só na arte, mas em todo o resto da energia vital. Havia um padrão universal que era respeitado — não um padrão físico ou estético, mas um padrão matemático. A beleza nada tem que ver com cores, mas com formas. Ela é precisa, proporcional e aritmética. Com o advento da modernidade, contudo, especialmente através dos movimentos revolucionários dos séculos XVIII, XIX e XX, tudo isso acabou se perdendo.
A beleza tornou-se relativa. Como tudo é arte, nada mais o é; e como todo o belo, a feiura não existe. Ora, não se existindo a feiura, como se categoriza a beleza? Para que ela serve? Qual o objetivo do embate entre luz e sombra, mal e bem, certo e errado? Pois se a arte é relativa, e também a beleza, tudo o mais o é — inclusive a verdade. Falar de beleza não é tocar num ponto irrisório, mas num laço forte e consistente que, se arrebentado, leva consigo muitas outras coisas numa enxurrada irreversível.
Hoje em dia, o gosto sobrepuja o objeto absoluto; se é bom para mim, é bom para todos, indistinta e universalmente. A verdade, no entanto, é sólida e externa; ela independe da opinião e do subjetivo. Ela está lá, e ponto. Desta forma coexistem o bem e o mal, a verdade e a mentira, o bom e o ruim, o belo e o feio. A arte, no entanto, desligou-se deste objetivo sublime, tornando-se um fator desmoralizante e subversivo. Mais do que nunca, tem sido usada como um agente imbecilizante e perversor. A verdadeira arte, contudo, ainda existe — é aquele que, através da beleza, conecta o homem ao sublime, ou seja, a Deus.
Quase ninguém é capaz de apreciar a verdadeira beleza. Estamos todos com a mente embotada de chorume cultural. Nossos olhos estão vendados pela faixa da ignorância. Precisamos, contudo, estourar a bolha que nos cerca. Apenas aqueles de moral clara, espírito inteligente e mente sã serão capazes de não se misturar às abominações do último tempo. O relativismo é mais perigoso e vasto do que sequer imaginamos. Ele tem relação direta com a nossa liberdade. O que nossos olhos tem visto? Que temos consumido? Estamos realmente avançando em nosso intelecto? Nosso gosto está pervertido ou refinado? Que tipo de alvo estamos buscando verdadeiramente?
É preciso abandonar o imbecil coletivo. A juventude está podre, rota e desgastada. Desligue-se dela em todos os pontos possíveis. Seja uma minoria e construa uma maioria. Seja sábio. Inteligente. Altruísta. Procure os verdadeiros valores naquilo que tem o poder de influenciar suas faculdades mentais e espirituais. Por que vivemos numa geração tão empedernida, se não pela incapacidade de se absorver a beleza? — Porque a beleza não é um fato final em si, mas se transforma em valores e virtudes. Todo o valor moral se encontra nela. A beleza é una, real e inteligível. A beleza é imutável, infinita e perfeita. É criadora, vital e protetora. A beleza está em tudo, e tudo está na beleza — é boa, santa, justa e se chama Jesus Cristo.
Comentários
Enviar um comentário