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As marcas do silêncio – feridas que precisam ser curadas


A lei Maria da Penha completou 15 anos de existência em agosto de 2021. Em comemoração a diretriz e seus avanços a Câmara dos Deputados lançou a campanha Agosto Lilás para conscientizar e alertar sobe a importância da prevenção e combate à violência contra a mulher. A lei Maria da Penha foi criada para punir casos de violência familiar contra mulheres.
Segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no último ano, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos diz ter sofrido algum tipo de violência ou agressão, no Brasil. A proporção corresponde a 17 milhões de mulheres vítimas de violência física, psicológica ou sexual.
Frente a esses tristes dados e dura realidade, decidimos refletir um pouco sobre e alertar para a importância de não nos calarmos diante de casos de violência doméstica, a propósito em briga de marido e mulher TODOS metem a colher. 
É Dentro de casa que acontecem socos, pontapés, gritos e ameaças.... Quando a porta se abre, assume –se um personagem para demostrar que as coisas estão bem. Todavia, as marcas produzidas no silêncio têm consequências nefastas. A violência doméstica é um problema que perpassa classe social. De acordo com o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é agredida a cada dois minutos. O primeiro pensamento que se tem ao se deparar com notícias como essa é “muito longe da minha realidade”. Mas não, pode está acontecendo na casa ao lado, dentro da sua congregação religiosa. Um levantamento coordenado por Valeria Vilhena, pesquisadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo apontou que 40% das vítimas de violência se autodeclaram evangélicas. 
Mas como isso é possível? Esse agressor que se diz cristão não consegue entender que ao agredir sua companheira ele está atentando diretamente contra o próprio criador? Pois a bíblia, declara que a mulher, assim como o homem foram feitos imagem e semelhança de Deus. 
O problema é que muitos fazem uma leitura equivocada da bíblia. Dessa forma, versos como “ [..] Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. ” Mateus 19:6, vira pretexto para que pessoas olhem para mulheres agredidas e digam que elas não deve separar-se de seu agressor, pois estaria pecando. 
"As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido...” Efésios 5:22 para justificar que os homens podem fazer o que quiserem com suas mulheres, o que a luz da Bíblia está errado.  “O amor é paciente, é benigno [...] tudo sofre, tudo crê, tudo espera...” I coríntios 13: 3-7 usado em muitos casos para convencer de que a mulher que ama deve suportar as opressões no relacionamento até que seu marido mude, pois foi Deus quem os uniu. 
Como vimos texto fora do contexto se tornam pretexto para erros e as mais diversas perversões, muitos textos bíblicos além destes são utilizados como justificativa para opressão. Porém deve-se atentar ao fato de que as escrituras no seu original foram escritas em grego e hebraico. Logo, é fundamental a exegese – interpretação gramatical - para uma compreensão completa da ideia apresentada pelo autor.  
Dentro dessa óptica, deve-se salientar que a agressão física é o ápice de uma convivência abusiva. Dessa forma, para se evitar a violência doméstica é preciso dar um basta quanto surgirem os primeiros sinais de possessão.
Denuncie qualquer abuso, agressão física ou violência de qualquer espécie, fale com seu pastor, fale com as autoridades,  e se seu pastor lhe pedir para apenas orar ou abafar o caso para não criar escândalo denuncie seu pastor e seu agressor, pois as feridas de Cristo são suficientes para sua redenção e quando Cristo diz "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me". Lucas 9:23  Cristo não está falando de agressões e violência doméstica e sim de divergências entre espírito e carne.  
Cristo sofreu e morreu para que você não precisasse ser escrava ou se submeter a situações opressoras e desumanas.
Rompa com o silêncio e fale, ao falar você estará salvando a si e ajudando tantas outras que estão sem saber o que fazer em situações semelhantes. As denúncias de violência contra à mulher podem ser feitas através do Disque 180. 
Por Maurício Santos e Talyta Brito

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