“Se eu conversasse com Deus
Iria lhe perguntar:
Por que é que sofremos tanto
Quando se chega pra cá?
Por que existem uns felizes?
E outros que sofrem tanto?
Nascemos do mesmo jeito,
Vivemos no mesmo canto.
Quem foi temperar o choro
E acabou salgando o pranto?”
Essas foram palavras escritas pelo poeta nordestino Leandro Gomes de Barros. Contudo, não são apenas dele, mas de todos nós. Ele está exprimindo uma dúvida universal. Talvez, a maior de todas as inquietações da humanidade: por que existe o sofrimento?
Inúmeros são os frutos gerados pelo mal e pelo sofrimento. Basta olhar, agora mesmo, para qualquer lugar, e suas marcas serão vistas. Todos somos vítimas, durante toda a vida, dos golpes desferidos através deles. A todo o instante, nossos olhos acompanham a desgraça em todas as suas formas. E o pior é ver pessoas inocentes, que nada de mal fizeram em lugar nenhum, tornarem-se vítimas de um sofrimento inexplicável. E pior ainda quando nós mesmos somos as tais vítimas inocentes.
Muitos questionaram a razão de tais mazelas existenciais. Alguns as atribuem ao acaso e ao ocaso; outros, ao destino. Já dizia Shakespeare, em seu drama histórico “Júlio César”: “Não é nossa culpa, mas a que está em nossas estrelas.” Sorte. Cosmo. Mas a maioria ainda culpa a Deus. Afinal, se Ele existe e é mesmo bom, não pode condescender com a existência do mal. Não, não pode. A culpa tem de ser dele. A culpa é de Deus.
É o que dizem. Mas eu não penso assim.
Sendo assim, o que fazer? A quem culpar? Qual a razão de tanta injustiça? Que segurança eu posso ter? As dúvidas, os questionamento e as inquietações são inumeráveis. E no final, sempre há a dúvida: onde está Deus? Se Ele é realmente bom, por que permite o mal? Por que não o evitou? E mesmo se não o evitou por alguma razão, por que não o destrói? Não seria Ele bom ou poderoso o suficiente para tanto?
Será mesmo que posso acreditar que há um Deus, se o sofrimento cresce a cada dia?
Jó era um homem realizado. Era rico, casado com uma bela esposa e tinha filhos felizes e saudáveis. Seus amigos eram como irmãos. Morava num lugar que amava. Acima de tudo, era um homem justo e servia a Deus de todo o seu coração. Mas de repente, o que acontece? Seu dinheiro vai embora. Suas posses somem. Seus filhos morrem. Sua saúde desaparece. Sua esposa lhe ofereceu palavras depreciativas. Seus amigos, ao invés de consolo, lhe encheram a cabeça com frases de culpa e martírio.
Qual seria a sua reação? Como estaria a sua fé diante de desgraças tão súbitas e inesperadas? Jó não estava pronto, assim como ninguém está pronto para perder tanto. Mas o que ele fez? Em meio ao sofrimento, louvou a Deus. Sabia que a culpa não era daquele que havia lhe dado vida. “O Senhor deu, o Senhor tomou”, foram as palavras de benção em sua boca. Ele não desistiu de si mesmo. Não desistiu da vida. Não desistiu de Deus.
Você acha que ele realmente entendeu o que estava acontecendo? Acha que há algo em Jó que o difere dos demais seres humanos? Absolutamente. Mas se há algo que ele tinha e que faz falta em muitos de nós é confiança. A fé que Jó tinha em Deus não era movida a circunstâncias. Ele não entendeu a razão de tantos males, mas confiou que alguém sabia mais do que ele. Que havia alguém no controle. Que a justiça seria satisfeita, mesmo que seus olhos não vissem tal coisa.
Talvez você esteja passando por provações semelhantes às de Jó. Talvez sua mente esteja cheia de dúvidas e aflições. Não se preocupe. Você não é o primeiro, e não será o último. Enquanto o mal e o pecado forem buscados neste mundo, mais sofrimento e mais desgraça virão como brindes. O que fazer, portanto, quando o sofrimento bater à porta? Suportar. Esperar. Mas acima de tudo, confiar. Há um propósito. Há uma razão. Ela está invisível aos nossos olhos fracos de mortal. Mas não aos olhos dAquele que controla o cosmo.
Ainda não chegou a hora de entendermos as coisas. Não sabemos o motivo de muitas das nossas aflições. Deus ainda as permite. Mas por pouco tempo. Haverá um fim para tudo isso. Deus consente, mas não para sempre.
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