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O SENHOR DAS MOSCAS


Nos dias de Elias, o tesbita, Israel encontrava-se mergulhado numa apostasia sem precedentes. Acabe, líder do povo hebreu, havia se casado com uma princesa pagã chamada Jezebel; e ao tomá-la por esposa, selou com o próprio sangue a ruína espiritual do seu governo. 

Uma série de costumes abomináveis foram implementados dentro da religião judaica, levando o povo ao afastamento total e completo do Deus verdadeiro. Tais práticas eram encabeçadas pela adoração a outros deuses, como por exemplo, o culto ao deus Baal. 

Baal era uma divindade que surgira cerca de mil anos antes dos dias de Elias. Havia sido criada pelos caldeus da Babilônia, e originalmente, chamava-se Bel. Bel era um deus poderoso e respeitado, conhecido por ter expulso do Paraíso um dragão maligno chamado Tiamat. Com isso, passou a ser reverenciado por todos os mortais.

Ao passaram-se os anos, o mito de Bel foi adaptado pelas culturas que sucederam a Babilônia; a Fenícia, por exemplo, incorporou-o como o deus Baal-Zebube – ou Belzebu, cuja tradução seria literalmente “senhor das moscas” ou “deus carniceiro” – um querubim alado com portentosos chifres de carneiro. 

Baal era o deus das chuvas e da fertilidade do solo. Em seus cultos, moças virgens eram oferecidas aos sacerdotes em violentas orgias e festas sexuais regadas a vinho e violência de toda a espécie, como por exemplo, a queima de crianças em fornos incandescentes. Tais eram as práticas comumente aceitas entre os povos cananeus, incorporadas ao culto israelitas nos dias em que Jezebel os governou. 

Setecentos anos antes de Elias, no entanto, o povo de Israel já havia adorado um deus estranho. No sopé do monte Horebe, tendo Moisés se ausentado por quarenta dias para receber a Lei de Deus, o povo reclamou a confecção de um bezerro de ouro. Ao consumá-lo, o artífice Arão juntou-se ao coro apóstata ao declarar: “Este é o vosso deus, ó Israel, aquele que te tirou do Egito.” (Êxodo 32:4). 

Eis o cerne do pecado da idolatria: o bezerro de ouro não foi adorado como um deus estranho, mas sim, como a representação física de Iaweh, o verdadeiro Deus. A figura do bezerro tornou-se comumente associada a Deus nos anos vindouros; no reinado de Jeroboão, inclusive, o povo mais uma vez prostrou-se à divindade pagã. Não foi difícil para Acabe, portanto, dissuadir o povo a adorar Baal durante o seu reinado, tomando por pretexto que aquele seria, na verdade, apenas uma versão diferente ou moderna do mesmo Deus das Escrituras. E o povo adorou Baal, curvando-se diante dos seus altares, crendo estar prestando culto ao Senhor. 

Não é diferente nos dias de hoje. Tal como nos dias de outrora, a Igreja de Cristo encontra-se mergulhada numa apostasia profunda, conduzida pelos líderes que deveriam estar comprometidos com a verdade. Contaminando-se com doutrinas estranhas, esses homens têm levado os crentes ao mais profundo erro. Casando-se com Jezebel, a meretriz, casaram-se também com mentiras pagãs e falsos ensinamentos disfarçados por belos sofismas. A subversão tem se apoderado das fileiras da Igreja, levando milhares de fiéis à aceitação pronta de filosofias relativistas, progressistas, liberais e insubordinadas. O mundo cristão tem se tornado fraco e vacilante pelas ideias anti-bíblicas que vêm abraçando como lindas mensagens de Deus. 

Para esses dias estranhos, Deus quer suscitar um novo Elias: um crente firme, indobrável, que levante a verdade a qualquer custo sem medo de represálias. Uma pequena geração de jovens corajosos, comprometidos com os conservadores ideais da Bíblia, que não tenham medo de chamar pelo nome os pecados de Babilônia, tal como fez Elias: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se Iaweh é Deus, sigam-nO; mas se Baal é Deus, sigam-no.” (1Reis 18:1). 

Que os verdadeiros crentes não mais vacilem. Que eles ergam suas vozes contra aqueles que, dizendo adorar a Deus, o Senhor dos Exércitos, curvam-se a Belzebu, o senhor das moscas. 




 


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