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Carta 4: O Amor Próprio e Solteirice


 Um Caminho de Autodescoberta e Crescimento

A "solteirice", muitas vezes, é vista como um estado de transição ou um período de espera até que alguém encontre o amor romântico. No entanto, essa visão limitada ignora a riqueza de oportunidades que ela pode oferecer.

O capítulo 13 da primeira carta de Paulo aos Coríntios é conhecido como o "hino ao amor". Refletindo nele encontramos um caminho para desenvolver o amor próprio antes de amar o próximo, abrindo espaço para crescimento pessoal e um melhor relacionamento futuro

Paulo descreve as características essenciais do verdadeiro amor, que podemos interpretar não apenas como um guia para relacionamentos românticos, mas também como um convite a nos amar.

O amor próprio não é um conceito egoísta ou narcisista. Pelo contrário, trata-se de reconhecer nosso valor intrínseco e nutrir um relacionamento saudável e compassivo conosco. O versículo 4 nos ensina que "o amor é paciente, é benigno; o amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece".

Ao aplicar esses princípios à vida de solteiro, podemos encontrar um poderoso caminho de autodescoberta e crescimento pessoal. Sendo a paciência essencial nesse processo, nos permitindo desfrutar e valorizar nossa própria companhia, sem pressa para encontrar um parceiro romântico. Temos a oportunidade de nos conhecer profundamente, explorar nossos interesses, paixões e sonhos individuais.

O amor próprio também é benigno, ou seja, é gentil e compassivo. É importante que aprendamos a ser gentis conosco, a nos perdoar e a aceitar nossas imperfeições. Ao invés de nos compararmos com os outros, devemos aprender a valorizar nossa singularidade e a cuidar de nossa saúde física, emocional e espiritual.

A inveja é um sentimento que pode corroer nossas almas e sabotar nosso amor próprio. É fácil olhar para a vida de outras pessoas e desejar ter o que elas têm, mas isso apenas nos leva à insatisfação constante. Devemos nos lembrar de que cada um tem seu próprio caminho e suas próprias batalhas. Concentrar-se em nossas próprias realizações e conquistas nos permite valorizar nossa própria jornada.

A leviandade, que se refere à falta de seriedade ou compromisso, também pode ser aplicada ao amor próprio. Devemos tratar a nós mesmos com seriedade e respeito, estabelecendo metas e objetivos pessoais e trabalhando para alcançá-los. Isso nos ajuda a construir uma identidade sólida e uma autoestima saudável, que não depende da validação externa.

O versículo 5 de 1 Coríntios 13 nos lembra que o amor "não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal". Essas palavras são um lembrete poderoso de que o amor próprio envolve colocar os outros em primeiro lugar, mas não às custas de nossas próprias necessidades e bem-estar.

É importante definir e manter limites saudáveis em nossos relacionamentos, sejam eles românticos, familiares ou amizades. Isso não significa ser egoísta, mas sim aprender a dizer "não" quando necessário e cuidar de nós mesmos antes de nos comprometer com alguém. Fazendo isso garantimos que estamos em uma posição mais forte para amar e cuidar dos outros quando chegar a hora certa.

Por fim, o versículo 7 de 1 Coríntios 13 nos diz que o amor "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". Essas palavras nos inspiram a ter fé e esperança em relação a nosso próprio crescimento e à possibilidade de encontrar um amor verdadeiro. A solteirice pode ser uma jornada desafiadora em alguns momentos, mas acreditando em nós mesmos e em nosso potencial, podemos superar esses desafios e alcançar um relacionamento significativo na hora certa.

Devemos amar o próximo como nos amamos, então se eu não me amo, o que poderia entregar à outra pessoa? Inspirados pelas palavras de 1 Coríntios 13, podemos aprender a ser pacientes, benignos, a evitar a inveja e a leviandade, a tratar a nós mesmos com seriedade, a estabelecer limites saudáveis e a ter fé e esperança em relação ao nosso futuro. A solteirice não é apenas um período de espera, mas uma oportunidade de cultivar o amor próprio e o crescimento pessoal.

Que a graça infinita te transforme e ilumine!


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